sábado, 4 de agosto de 2007

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O bebê no colo do pai me olhou pelos cerca de 50 metros em que andei atrás dele. Ininterruptamente. Me encarava com sua cara de joelho enquanto eu fazia caretas e mostrava a língua. Duas linhas de pensamento possivelmente passaram por sua cabecinha em formação carente de neurônios.

Possibilidade 1.: Se os bebês nascem com toda a consciência e capacidade de raciocínio formadas e vão perdendo com o passar dos anos (possibilidade sem nenhum respaldo científico mas habilmente demonstrada em “bebês geniais” e “olha quem está falando”), ele deve ter pensado: “O quê esse mentecapto pensa que está fazendo? Por um acaso eu tenho cara de palhaço? Ah... a ignorância humana...”

Possibilidade 2.: A mais plausível. O bebê não sabe o que é um mentecapto, ou um palhaço. Na verdade não faz a menor idéia de onde está, para onde vai, ou quem o está levando. Seu raciocínio deve ter sido o seguinte: “oh!!! O que será isso que está fazendo essa coisa com esse negócio que tem na parte de cima dele?” Mentira. Bebês não sabem o que é em cima.

Da mesma forma que me encarou por todo o tempo em que o acompanhei, ele simplesmente perdeu todo o interesse assim que virou a esquina. Fiz uma última careta na esperança de obter um último vislumbre de sua atenção, mas... De nada adiantou. Um guri sentado num muro riu da minha cara. Olhei pra ele e pensei: Ta olhando o quê? Eu sou maior que você!

Imagem: venhaodiabo.blogspot.com

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